Campinas, 25 de Abril de 2024
HISTÓRIAS DO TAQUARAL: DOADOR DA LAGOA ERA UM MECENAS
25/08/2016
Notícia publicada na edição n.100 do Jornal Alto Taquaral
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 Isabela Salgado - Historiadora
TAQUARAL, UM BAIRRO CENTENÁRIO

Joaquim Bento Alves de Lima foi um mecenas da cidade

O bairro Taquaral abriga inúmeras histórias, afinal de contas é um bairro centenário, que se formou no subúrbio de Campinas, às margens do antigo caminho que ligava a cidade à Mogi-Mirim, passando pela Fazenda Taquaral. Percorrendo jornais, documentos de arquivo e até mesmo dissertações acadêmicas que tratam da história do Parque Taquaral, tenho encontrado algumas brechas nas pesquisas, que me deram ânimo para investigar um pouco mais de perto, e assim conhecer um pouco mais a história do nosso bairro.

Hoje vou falar sobre um personagem que faz parte da história do bairro: Joaquim Bento Alves de Lima. Joaquim Bento foi um importante cafeicultor da cidade, proprietário da Fazenda Taquaral, que foi doada à Prefeitura em 1946, para a constituição do Parque Portugal, um dos símbolos da cidade. Um parque público e municipal, que atrai moradores e visitantes, tanto para o lazer familiar quanto para a prática de esportes. A Lagoa do Taquaral recebeu o nome “Isaura Telles Alves de Lima” em homenagem ao seu esposo, Joaquim Bento Alves de Lima.

Nas diversas biografias que encontrei sobre Joaquim Bento, sempre resumidas, é possível percorrer a trajetória de um comissário de café em Campinas, e também em Santos (sócio da Casa Comissária de Café Freitas, Lima, Nogueira & Cia, conhecida em Santos como Casa Telles). Nascido em Tietê no ano de 1875, mudou-se para Campinas ainda jovem e casou-se com Isaura Telles no ano de 1899. Já no ano de 1894, a Casa Telles em Santos é uma das principais comissárias de café da cidade, e no ano de 1901 bate o recorde de recebimentos de café.

Mas além de cafeicultor bem-sucedido, Joaquim Bento, assim como outros homens de negócios daquela época, ocupam um lugar peculiar na história, dos quais pouco sabemos porque a intenção desses homens era exatamente essa: permanecerem anônimos em suas atividades. Já residindo em São Paulo, em palacete projetado por Ramos de Azevedo, fundou o Banco do Comércio de São Paulo, e juntamente com Pietro Maria Bardi e Assis Chateaubriand participou da constituição do museu de arte mais importante do país: o MASP.

Como São Paulo já era na época a grande capital financeira do país, principalmente devido a circulação do dinheiro das indústrias e do café, decidiu-se que o MASP seria construído nesta cidade. O Museu foi inaugurado em 2 de outubro de 1947. Joaquim Bento Alves de Lima foi o segundo presidente da instituição em 1952, e sempre colaborou para aquisição de obras importantes do seu acervo. Um mecenas anônimo, que fazia parte de uma elite de cafeicultores, que embora o período de hegemonia tenha sido curto, teve um poder político e financeiro imenso e deixou marcas profundas na organização social brasileira.

A fundação do MASP foi um acontecimento cultural que tem como eixo central a formação de um país moderno. Uma realização que guarda a marca do espírito de uma época. Desde sua fundação, o MASP proporciona ao público brasileiro em geral, centenas de exposições, nacionais e internacionais, através do intercâmbio de obras com diversos museus no mundo.

Foi assim desde sua inauguração. Foi assim desde os tempos de Joaquim Bento Alves de Lima.

FOTO: Acervo do MIS-Campinas / Coleção Gilberto de Biasi

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