A Unesco declarou 2011 como o ano Internacional da Química. Antecipando as comemorações, o Instituto de Química da Unicamp (IQ) promoveu uma palestra com a Prêmio Nobel de Química de 2009, Ada Yonath. Do outro lado da pista, o Jardim Santa Cândida tem também o seu “IQ”, a MultiElos, uma das mais antigas empresas do bairro, que há 34 anos trabalha com processos químicos e atende mais de 50 cidades da região.
Em 1977, o professor aposentado de matemática José Lopez decidiu, juntamente com um sócio, abrir uma pequena fábrica de correntes para vasos de xaxim com acabamento dado por um banho dourado. Sua primeira experiência fora das salas de aula deu origem ao nome da empresa: “para fazer uma corrente são necessários muitos elos, por isso MultiElos”. Mas a empreitada durou apenas dois anos e o sócio deixou a empresa. José Lopez ficou com a máquina de banho dourado e continuou com os trabalhos de banho de zincagem dourada.
A ampliação da empresa de banhos químicos aconteceu lentamente e, somente depois de 15 anos, foi introduzido o processo de cromagem. Atualmente a MultiElos conta com cerca de 10 tipos de banhos diferentes, entre os de níquel ácido ou alcalino, zincagem, cromagem, eletropolimento de inox, oxidação preta e outros. O tanque de mil litros que deu origem aos banhos da MultiElos se multiplicou e hoje a empresa tem a capacidade para 30 mil litros. Esses banhos químicos têm o objetivo de, principalmente, dar as peças metálicas uma vida útil mais longa.
Uma das especialidades da empresa é o cromo decorativo, utilizado principalmente em peças de motos, carros, bicicletas, utensílios de prata e até mesmo objetos de estimação, como sapatinhos de bebes (couro ou tecido) que são eternizados pela cromagem. Mas quem vê os objetos depois de finalizados não imagina a estrutura que existe por trás. Kátia Regina de Souza, coordenadora administrativa eu trabalha há oito anos na empresa, conta “que são necessárias licenças anuais e inspeções de órgãos que vão desde a CETESB até o exército e a policia federal, inclusive o IBAMA”.
Esses órgãos fiscalizam desde a compra dos materiais químicos (entre ácidos e metais pesados) até o descarte do lodo galvanizado (resíduos sólidos após os banhos) e da água utilizada, que passa por um processo de tratamento antes de ir para o esgoto. “Até mesmo as notas de vendas são fiscalizadas por eles” revela Kátia Souza, que se prepara para assumir a gerência da empresa. As empresas do ramo ainda contam com fiscalizações anuais de segurança feitas pelos bombeiros e pelo exército, sem contar a supervisão de uma química responsável.
Um ano especial
Com a temática internacional “Química – Nossa vida, nosso futuro”, o ano internacional da Química foi lançado dia 27 de janeiro na França. A data celebra o centenário do Prêmio Nobel de Química concedido à cientista Marie Curie, uma oportunidade para destacar as contribuições das mulheres para o avanço da ciência. O objetivo é enfatizar as grandes descobertas e conquistas científicas e tecnológicas da Química, além de demonstrar sua importância para a humanidade e aumentar o interesse dos jovens por seu estudo. Os eventos e outras ações realizadas no Brasil e no mundo pretendem enfatizar a Química como uma ciência criativa e essencial para a sustentabilidade e melhoria de qualidade de vida da população.
No Brasil, com o slogan “Química para um Mundo Melhor”, entidades, universidades e empresas do setor estão engajadas em iniciativas a serem realizadas ao longo do ano. A Unicamp anunciou que transformará a rua do Instituto de Química em calçadão, com um painel que mostrará os elementos químicos e sua utilização no dia a dia das pessoas.