Campinas, 19 de Abril de 2024
CAMPINAS SHINBUM
18/06/2022
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CAMPINAS SHINBUM

MINHA EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL COM OS ‘JAPAS’



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O ano era 1992. O mês era junho como hoje. O dia não era 18, mas 13. A comemoração da chegada do navio Kasato Maru a Santos (minha terra natal) em 1908 me fez escarafunchar o arquivo de minhas experiências profissionais. Naquela época eu era editor chefe de um jornal peculiar voltado à comunidade japonesa. O Campinas Shinbum tinha como diretor Luiz Kikuchi, um ser humano ímpar de quem, nem mais nem menos, acabei me distanciando.

Naquele mês de junho de exatos 30 anos atrás nós, além do jornal, produzíamos também material sobre o concurso de beleza oriental Garota Nikkey. Kikuchi era um promoter nato e o evento balançava a comunidade nipônica de Campinas. Toda garota queria o título que dava de prêmio, entre um monte de quinquilharias, uma viagem ao Japão.

Como editor do jornal e muito próximo do organizador acabei ajudando muito no evento. Acabei ajudando como locutor do resultado dos brindes oferecidos ao público presente. A sede do Nipo Campinas foi pequena para tanta gente. O jornal tinha apelo forte junto à comunidade. Era respeitado pelo conteúdo e muito elogiado pela criativa diagramação diferenciada dos demais veículos jornalísticos impressos alternativos da época.

A edição levou ao público uma matéria sobre o então presidente Fernando Collor de Melo e a reposta virou a manchete da contracapa: “Fora Collor”. Assim se posicionaram alguns entrevistados cuja experiência de vida foi ressaltada para dar peso às declarações.

Foi uma experiência profissional muito rica pela liberdade com que eu conduzia o jornal e pela proximidade com um povo rico, muito rico em cultura. Fiz matérias que lembro até hoje de algumas particularidades como a entrevista com um ‘kamikaze’ que imitava o ronco do motor de seu avião em direção ao alvo. Claro que ele sobreviveu senão não me contaria como foi sua ida à guerra naqueles aviões suicidas.

Fiz matéria sobre o lançamento da atemóia no Brasil. Sobre o açúcar ideal para diabéticos. Sobre o médico Francisco Aoki e sua luta contra a AIDS naquele tempo da temível AIDS. Estive junto de famosos e desconhecidos. Ricos e pobres. Homens e mulheres de muita cultura. E, como não podia deixar de ser, amarrei um belo fogo tomando saque direto dos barris quebras a marteladas.

Assim, se o Kasato Maru não, tivesse encostado no porto de Santos muito antes de eu ter nascido naquela cidade, se eu não tivesse me mandado de lá para Campinas, se não virasse jornalista nenhuma história dessa eu estaria contando agora aqui. Foi muito bom ter vivido aquele tempo daquele jeito com aquele povo.

Arigatô Luiz kikuchi!




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