Campinas, 26 de Abril de 2024
GAMER DESTAQUE
06/06/2022
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JOVEM DO TAQUARAL CURTE ‘FIFA’ PARA APRIMORAR SEU FUTEBOL

E É DESTAQUE NA REVISTA METRÓPOLE DO CORREIO POPULAR




CIBELE VEIRA 

Perfil gamer está cada vez mais diverso, segundo pesquisas. recentes; campineiros provam isso com suas histórias inclusive morador do Taquaral.

 

Dos gramados para a tela O amor pelo futebol dentro de campo não tornou o campineiro Mauricio Paschoal Godinho, de 13 anos, morador do Taquaral, avesso às partidas de videogame. Pelo contrário, as duas atividades se complementam. Ele explica que elabora as estratégias do time enquanto o jogo eletrônico Fifa também o ajuda a pensar nelas e nos treinos na vida real. Seu sonho é se tornar um jogador de futebol. “Hoje eu coloco o jogo no último nível de dificuldade para ser mais divertido”, revela o jovem. “Eu nem lembro qual foi a última vez que eu venci meu filho no Fifa”, brinca Thiago Paschoal, educador físico de 32 anos, gamer desde pequeno. Ele e a esposa, Marina, jogavam videogames com o menino desde que ele tinha quatro anos. “Se aprimorou muito mais do que eu”, completa o pai, que garante que ainda se diverte jogando contra o filho. Maurício divide bem o seu tempo: estuda, tem muitos treinos presenciais de futebol e ainda brinca com os amigos. Mas as brincadeiras, revela, são tanto físicas quanto virtuais e não se vê deixando o hobby de lado. “Acho que na idade do meu pai eu ainda vou jogar”, compartilha o jovem

 

ORGULHO NERD COMERDO EM MAIO

 

Orgulho Nerd, comemorado em 25 de maio, ofereceu uma celebração às paixões deste público em relação ao videogame. Mas o que significa, em 2022, ser um “gamer”? É provável que a imagem que muitos têm deste perfil seja a do garoto jovem, sedentário e com poucos amigos. Mas esse retrato tão específico está muito longe de representar a imensa comunidade que joga. O teórico norte-americano e designer de jogos Jesper Juul escreveu em seu livro “A Casual Revolution: Reinventing Video Games and Their Players” (A Revolução Casual: Reinventando Videogames e seus Jogadores, em tradução livre) que o termo “gamer” está muito associado àquele que passa mais de seis horas no dia jogando, tendo o seu console ou o seu computador montado especificamente para jogos. Para usar um termo compatível, seria o jogador “hardcore”, aquele que faz algo de forma extrema. “Conforme amadurece e tem responsabilidades, muitos acabam tendo menos tempo para jogar e vão para jogos mais casuais. Mesmo esses ‘hardcore’, que podem ser aqueles que preferem jogos estrategicamente difíceis, gostam de jogar algo casualmente na fila do banco”, explica a pesquisadora e desenvolvedora de jogos campineira Julia Stateri. Designer gráfica e jogadora de games desde os seis anos - incentivada pelo pai e por jogos como Final Fantasy 7 -, ela esclarece que independente do estilo, o “gamer” é essencialmente alguém que joga. E este público é cada vez maior e mais diverso. Dados do gamer brasileiro De acordo com o relatório elaborado pela Pesquisa Game Brasil (PGB), de abril deste ano, três em cada quatro brasileiros jogam em alguma plataforma e a mais utilizada é o smartphone, com 48,3% da preferência. O gênero do público prevalente pode surpreender: mulheres são 51% dos gamers. Julia comenta que existe um preconceito de gênero que é justificado pela discriminação por tipo de plataforma. “As pessoas tendem a não dar crédito para os resultados da pesquisa alegando que mostram mulheres como maioria porque elas jogam pelo smartphone. Logo, elas não seriam consideradas ‘gamers’. Bobagem, pois você pode ter perfis que são sobrepostos ou pessoas que jogam de maneiras diferentes, com tempo variado. Mas jogam”, reforça. Ela comenta ainda que alguns teóricos preferem utilizar o termo “pessoa que joga” para que seja mais inclusivo e menos carregado de estereótipos. Jogando para todos Julia revela que sempre gostou de games com narrativas mais elaboradas e usou a preferência para nortear o desenvolvimento do Visual Novel (um tipo de jogo eletrônico que costuma ter bastante narrativa e possibilidade de escolhas) intitulado Pequenos Nativoz. Nele, o jogador, que assume um personagem comum, de gênero neutro, tem a oportunidade de ajudar entidades do folclore brasileiro. Com a proposta de criar um ambiente aberto e acolhedor para todos que desejam jogar, Pequenos Nativoz é inclusivo desde os bastidores: na equipe de desenvolvimento há pessoas cegas, transsexuais e indígenas. O produto final oferece opções de controle para pessoas cegas, surdas, daltônicas e sensíveis a luzes piscantes. “Ele faz parte de um projeto maior que oferece formação para as pessoas aprenderem a fazer jogos”, conta Julia, que convida os interessados a testarem a versão demo de Pequenos Nativoz pelo site oficinaludica.itch. io/pequenos-nativoz.

 

. Dividindo o controle A relação de Israel Pinho, de 36 anos, e da filha Marília, de sete, é mais colaborativa. O analista administrativo lembra que quando a menina era mais nova, ficava fascinada assistindo enquanto ele jogava. Até que ela pediu para mexer no controle e o pai, orgulhoso, passou a compartilhar com ela. Literalmente, pois Marília adora jogar ao lado do pai games em que os dois possam trabalhar juntos em prol de uma missão. “Ela não gosta muito da parte do conflito, quando tem que combater os inimigos. Às vezes, pede que eu passe pela fase por ela”. Fã dos consoles, Israel tem como companheiro fiel seu Playstation 4, dispositivo que tem quase a idade de Marília. Para ele, os melhores jogos são os que permitem uma experiência imersiva em muitas horas. “A gente paga caro por esses jogos. Então, quando vou escolher, penso naqueles que vão me dar diversão por mais tempo. Se possível, quero passar meses naquele mundo”, descreve. A filha tem a mesma preferência. “Gosto muito de jogos de mundo aberto para desbravar o cenário, temos missões, colecionáveis para achar. Quero pensar em como escalar a montanha, explorar a caverna e descobrir que tipo de segredos estão escondidos ali. Ela gosta disso também”. Para incentivá-la, Israel tem buscado mais jogos alinhados com os interesses e idade da pequena. Vida de jogo A campineira Vanessa Sant’Anna Douat, de 32 anos, lembra que seus primeiros jogos de videogame vieram aos cinco anos. Ela sempre gostou de se envolver com o roteiro dos jogos. “Eu já chorei com histórias muito emocionantes, como Chrono Trigger. É quase um filme”. No começo, ela jogava com os primos, mas muitos laços se formaram através dos jogos. “Fiz muitos amigos por causa deles. Até meu companheiro, eu conheci jogando”. Ela lembra que a história de amor começou com uma parceria capenga. “Ele jogou comigo, mas sofreu porque eu não sabia nada daquele jogo na época”, brinca. Azar no jogo, sorte no amor, pelo menos naquele momento. Vanessa e Bruno já estão juntos há 10 anos e seguem jogando juntos. Hoje, ela participa de jogos NFT que, a partir de diferentes métodos, geram lucro para os jogadores e assim une o antigo hobby com uma forma de ganhar dinheiro. Ela tem metas para cumprir e chega a ficar oito horas por dia jogando. “Não é fácil”, afirma. Mas ela dá conta!

 

 

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