O Brasil vive um dos momentos mais violentos de sua história. À violência contra povos indígenas, população negra e LGBTQIA+, que mata milhares de pessoas ano após ano, se soma à crise provocada pela pandemia de Covid-19, que interrompe sonhos, retira direitos, provoca a fome.
Em qualquer grande centro urbano do país, não é possível ignorar o aumento exponencial de pessoas em situação de rua. No entanto, isso não parece ser suficiente para fazer com que as autoridades públicas entendam o tamanho da emergência e do desespero de milhões de brasileiras e brasileiros.
Para cada pessoa em situação de rua, com fome ou desempregada, um pedaço do futuro do Brasil se desfaz. Não há como termos um país justo e democrático com tanta gente no limite da existência. Nenhuma pauta é maior do que a dignidade humana e nenhum ser humano merece passar por tanto sofrimento evitável. O Brasil chegou à 7ª economia do mundo e, ainda assim, é um dos países mais desiguais.
Com a omissão do governo federal na organização e implementação de políticas públicas que atendam ao conjunto da sociedade neste grave momento, a população se vê à mercê de tempos cada vez mais difíceis e incertos. Não há emprego, não há habitação, não há renda, não há comida. E são as pessoas pobres e negras – em especial as mulheres e os jovens – que estão suportando o maior peso da crise e das escolhas políticas do poder público. O racismo estrutural mostra sua face mais dura nesse momento. E precisamos combatê-lo.
Neste Dia dos Direitos Humanos, é importante reforçar a necessidade de nos indignarmos com o estado das coisas. Devemos cobrar ações urgentes para a retomada do caminho do desenvolvimento social e econômico, justo e sustentável. Não podemos perder essa capacidade, sob o risco de perdemos a própria humanidade.
A Oxfam Brasil continuará insistindo na urgência de repensarmos as prioridades do país para devolvermos a dignidade a cada pessoa que hoje luta para sobreviver. Estamos, em parceria com outras organizações da sociedade civil, lutando pela implementação de programas de transferência de renda, por uma reforma tributária que cobre mais de quem ganha mais, pela construção de políticas públicas que garantam saúde e educação de qualidade para todas e todos, especialmente às pessoas em situação de vulnerabilidade, e também na mobilização da sociedade por uma democracia mais representativa, incluindo na política nacional grande parte da população que hoje vê suas demandas negligenciadas.
O Dia dos Direitos Humanos é dia também de renovar a esperança. Em dias melhores, em um país possível, em uma sociedade capaz de se entender como conjunto de cidadãs e cidadãos que busque a garantia dos direitos de todos e todas.
Acreditamos que Brasil tem imenso potencial para superar esse momento difícil. E contamos com você nessa jornada!
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