Campinas, 19 de Abril de 2024
CADERNO ESPECIAL: DIA DOS NAMORADOS
02/06/2018
Notícia publicada na edição n.121 do Jornal Alto Taquaral
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 O AMOR NÃO ESCOLHE HORA

O nascimento de um relacionamento não segue nenhuma receita. Ele pode surgir a partir de amigos, no trabalho e até mesmo em situações comuns do cotidiano.

É POSSÍVEL MORRER DE AMOR?

Alegrias e tristezas amorosas afetam a saúde do coração

Amar faz bem para a saúde, mas também é possível morrer de amor. As alegrias e tristezas que envolvem os relacionamentos afetam a saúde do coração, segundo o cirurgião cardiovascular Edmo Atique Gabriel. Um estudo realizado pelo Departamento de Saúde da Universidade de York, no Reino Unido,  mostra que pessoas solitárias têm 30% mais chances de desenvolver doenças coronárias e acidente vascular cerebral (AVC).

A solidão, segundo o estudo, oferece o mesmo impacto para o coração do que o estresse e a ansiedade. Além disso, eles notaram que as pessoas com ausência de relações afetivas, costumam ser mais depressivas, estressadas e possuem um estilo de vida menos saudável. Normalmente, não cuidam da alimentação, fumam, consomem bebidas alcoólicas e não praticam atividades físicas.

“É preciso levar em consideração a situação pessoal em que o indivíduo se encontra em um processo clínico. Se é uma pessoa sozinha ou se tem um companheiro, se o relacionamento amoroso é harmônico ou não. O estado emocional em que se vive afeta diretamente a saúde”, explica Edmo.

Outro estudo, este de uma universidade dinamarquesa envolvendo quase um milhão de pessoas,  constatou que a morte do companheiro aumenta em 41% o risco de uma arritmia no coração. “ A relação entre as emoções e o coração têm base científica, pois o órgão possui um grande número de fibras nervosas das estruturas cerebrais, criando uma ligação estreita. Sendo assim, o coração sofre com as emoções, tanto as provenientes dos eventos positivos quanto negativos que acontecem em nossas vidas.”

A perda de um amor, seja por morte ou ruptura de um relacionamento, já é reconhecida como um problema de saúde. A Síndrome do Coração Partido e leva muita gente ao hospital com suspeita de infarto. Também chamada de cardiomiopatia de Takotsubo, ela foi relatada pela primeira vez por médicos japoneses, no início dos anos 1990, e recebeu esse nome graças à imagem do ventrículo esquerdo na sístole que, após o problema, se assemelhava a uma armadilha para capturar polvos (tako) em forma de pote (tsubo) muito comum no Japão. No Brasil, o primeiro registro da doença foi em 2005.

Nessa síndrome, o coração fica mais ovalado e parte do músculo para de funcionar, assim como no infarto. A principal diferença entre os dois é que, no infarto, há as obstruções das artérias e o coração não volta a funcionar sozinho.

Já cardiomiopatia de Takotsubo, não há qualquer tipo de obstrução, o coração para e depois volta ao normal. Segundo Edmo, os casos descritos na literatura médica foram desencadeados por situações de estresse e de emoção intensas, que promoveram uma secreção anormal de adrenalina e noradrenalina, com efeitos deletérios no coração.

Como a síndrome surge após a pessoa passar por fortes emoções, não há como preveni-la. Mas o especialista alerta que convêm evitar situações extremas de brigas, separações, estresse e angústia. “Uma pessoa angustiada, libera na corrente sanguínea hormônios que prejudicam o coração. Tanto que uma das doenças cardíacas, a angina, é conhecida como Angor Pectoris (angústia do peito)”, comenta.

Assim como os estados emocionais negativos de solidão e decepção amorosa geram doenças cardíacas, o sentimento de amor, destaca o especialista, contribui para o coração bater no compasso certo, pois traz benefícios para organismo que reduzem as inflamações e a morte celular no tecido cardíaco.

O AMOR NÃO TEM HORA OU LUGAR

Muitos relacionamentos nascem em momentos do cotidiano das pessoas

Não há como acordar cedo, se arrumar e sair de casa em busca de um namorado e chegar no final do dia com a missão cumprida. O início de um relacionamento não tem hora ou local para iniciar e depende de uma série de fatores. O principal deles, segundo especialistas, está na necessidade de a pessoa estar receptiva ao outro. E é o ambiente cotidiano o maior responsável pelo início de muitas uniões.

Uma pesquisa realizada no ano passado pela Atento, líder mundial em gestão de clientes e terceirização de processos de negócios, na região Sudeste, mostrou que 32% dos casais se conheceram por intermédio de amigos em comum, 18% no ambiente de trabalho e 17% em redes sociais. Bares, baladas, festas, escolas ou faculdades aparecem bem depois.

E ainda há os que se conhecem onde menos imaginavam que surgiria um interesse recíproco. Esse foi o caso da dona de casa Altaiza Azevedo da Rosa, 50 anos, e do microempresário Jorge da Rosa, 43 anos. Eles se conheceram na sala de espera de um consultório psicológico, em Cachoeirinha, no Rio Grande do Sul, onde ambos faziam tratamento contra a timidez.

“Na minha primeira consulta, vi o Jorge e trocamos olhares. Lá pela quarta consulta, continuávamos nos olhando”, lembra. A sala estava lotada e quando ficou vazia, Jorge tomou coragem e se aproximou para puxar conversa. Foram pouco minutos, mas o suficiente para ele pegar o número do telefone. As conversas continuaram por dias até que Jorge a convidou para comerem uma pizza em um shopping.

“Neste dia, nós dois estávamos dispostos a pedir o outro em namoro. Foi o que aconteceu. Nosso relacionamento deu tão certo que seis meses depois casamos. Em setembro, vamos completar 18 anos de casamento”, comemora. Já a timidez persiste, menos intensa no caso de Altaiza. Jorge pouco mudou e não gosta, por exemplo, de aparecer em fotos.

Já a manicure Graziele Teixeira, 25 anos, e o operador de máquinas Fernando Saraiva Teixeira, 27, se conheceram em um posto de gasolina na entrada da mesma cidade. Graziele era frentista e começou a perceber que Fernando passou a ser um cliente frequente e sempre escolhendo a bomba onde ela fazia os abastecimentos.

“Certo dia fiz aquelas perguntas tradicionais do nível do óleo, da água e ele respondeu dizendo que queria o telefone da moça linda. Fiquei meio sem reação e surpresa, mas acabei dando o número. No dia 23 de maio de 2011 começamos a conversar por telefone e no dia 12 de junho, dia dos namorados, ele me pediu em namoro. Aceitei. 10 meses se passaram e descobrimos que eu estava grávida. Após o nascimento do nosso filho, veio o casamento. Vamos completar seis anos de muito amor, companheirismo, compreensão e respeito.”

LIVROS E AMOR

A história do jornalista e escritor Auber Lopes, 50 anos, de Porto Alegre, nasceu em meio a revisões de livros. Ele desempenha esta atividade para uma editora da capital gaúcha e recebeu um contato da produtora literária Miriam Gress, 53 anos, para revisar a obra “Costurando o Passado”, da escritora Rejane Guimarães.

Na editora, Mirian recebeu da diretora um dos livros de Auber (Memórias de uma Vida Hilária). “É um livro de humor onde conto coisas escabrosas sobre minha vida. Ela leu e se interessou em me conhecer. Acabamos nos encontrando no lançamento do livro que revisei. Conversamos muito e o assunto acabou indo para o rumo do coração. Ela me disse que estava sozinha havia muitos anos.  
     Meus olhos brilharam, já que eu também estava sozinho, após um relacionamento breve e intenso, que tinha me deixado machucados profundos. Ao final do evento, perguntei a ela se gostaria de jantar comigo outro dia. Uma semana depois aconteceu o jantar e nosso primeiro beijo. Já faz cinco meses que estamos juntos.

O QUE DESGASTA RELACIONAMENTOS

Várias situações geram desgastes entre um casal. Especialista lista três delas

Não é raro um casal estar se sentindo feliz e realizado até que, sem muitas explicações, tudo começa a ruir. A sensação, que trazia segurança, muda completamente por algumas atitudes contrárias de um ou outro. A angústia, incerteza e sofrimento entram em campo. O escritor e psicólogo especialista em relacionamentos, ansiedade e síndrome do pânico, Alexandre Bez, argumenta que sentimentos, sensações e paixões estão intimamente condicionadas a estrutura psíquica de cada um.

“Nossa constituição mental está presa a uma série de variáveis de ordem mental diferenciadas entre si. São estas que regulam nossos comportamentos, ações e atitudes que influenciam de modo absoluto nossas reações. Essas por sua vez, inferem diretamente nas sensações e sentimentos dos casais, pois operam no âmago de suas almas, mudando sem prévio aviso o curso relacional que antes estava tão agradável e aconchegante, para uma postura nada confortável”, explica.

No livro “O que era doce virou amargo!!!”, lançado em 2013 depois de um longo estudo, Alexandre elencou 44 atitudes que desgastam relacionamentos. Não há uma que seja mais comum ou mais importante e o impacto delas nos relacionamentos vai depender da particularidade de cada um (veja tabela).

Independente disso, o ciúmes figura entre os mais comentados em praticamente todos os namoros, especialmente os que estão começando.

Para o especialista, ele é um sentimento inerente ao ser humano, mas nunca deve ultrapassar o limite do permitido em uma relação. “Muitos acreditam que apesar de ser negativo, o sentimento é de grande importância. Afinal, a ausência do ciúme também é preocupante, pois pode ser um indício de que o amor está se perdendo”

O ciúme, quando passa limites, passa a ser considerado uma doença mental, classificado como transtorno delirante. Alexandre explica que o desejo desenfreado de controle e dominação, especialmente de ter a posse da outra metade, pode denotar uma patologia e se identificada desde o início, pode evitar uma série de percalços pelo caminho. “Há como os casais evitarem muitos dissabores na relação, mas para isso é preciso que ambos fiquem atentos a pequenos sinais ou a sua própria história amorosa”, diz.

O ciúme anormal desencadeia desde a agressividade simples (verbal), podendo partir para a agressividade bruta ou corporal. Quem desenvolve esse tipo de ciúme, muitas vezes, tem desestrutura do ego, em função de baixa autoestima e autoconfiança extremamente comprometidas.

O exagero no ciúme também pode ter origem de uma patologia psicológica Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). Gerando conflitos internos como, por exemplo, achar que está sendo traído. Mediante esse comportamento, começar a perseguir sua companheira (o) e desenvolver compulsão pela averiguação da traição ou não.

As diversas situações que geram desgastes e podem levar ao término de um relacionamento podem ser minimizadas ou eliminadas.

AS 3 SITUAÇÕES

 Obsessão e Compulsão: Obviamente que em toda relação há preocupação, o encurtamento da distância e o contato pessoal como o virtual. Esses são ingredientes que necessitam existir, é uma forma de demonstrar o sentimento. Entretanto, essa questão não pode passar do limite da normalidade que acaba justamente quando o outro invade o seu espaço, tornando a sua vida um verdadeiro “inferno”.

 Incongruência Relacional: Por uma questão de cunho pessoal e psicológico, a pessoa entende, de que o (a) companheiro (a), não comporta-se como deveria “supostamente proceder”, dentro de sua ótica pessoal. Tenta sucessivamente “mudar” as particularidades de cada parceiro (a), não respeitando sua privacidade e gosto.

 Ciúmes: Um “veneno” em qualquer relação quando sai de uma perspectiva normal e aceita numa relação. Ele precisa constar mais de um modo saudável, equilibrado e não neurotizado “indicando uma irreal posse”.

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