Campinas, 25 de Abril de 2024
PQ. DAS FLORES TEM CÃO COM LEISHMANIOSE VISCERAL
16/12/2016
Notícia publicada na edição n.104 do Jornal Alto Taquaral
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O Parque da Flores está com um caso de Leishmaniose Visceral Canina confirmado, mas não há foco de transmissão, segundo o coordenador do Programa Municipal de Vigilância e Controle da Leishmaniose de Campinas, Cláudio Castagna. Ele afirmou que a pesquisa entomológica realizada em novembro comprovou que não existe o mosquito palha (transmissor da doença) no bairro e os resultados parciais dos exames de sangue realizados em 86 animais da vizinhança - concluídos até o fechamento desta edição - não identificaram nenhum outro cachorro contaminado. 

“O resultado da investigação mostra que o bairro não oferece condições ambientais para a transmissão da doença, pois não tem o vetor nem outros animais doentes” afirma. Este não foi o primeiro foco nos bairros da região: no ano passado foi notificado um caso no Parque Taquaral, também importado, e sem transmissão. “Podemos afirmar com certeza que a grande área no entorno do Taquaral é silenciosa para o vetor”, informou o coordenador.

Em áreas onde há casos notificados, a Vigilância orienta a inviabilizar criadouros. O inseto se reproduz em acúmulo de matéria orgânica, especialmente em galinheiros. O animal do Parque das Flores veio doente de outro Estado (Minas Gerais). Depois da notificação, todos os imóveis e animais do bairro foram cadastrados e os moradores informados sobre a doença. Eles ficaram assustados porque é uma doença grave, com alta mortalidade e de difícil diagóstico, sendo considerado um grave problema de Saúde Pública. 

Zoonose e sintomas

A Leishmaniose visceral é uma zoonose – que acomete animais e pessoas – causada pelo parasita Leishmania chagasi e transmitida por meio da picada do mosquito palha. “Tanto o homem quanto o animal podem ficar doentes por meses sem apresentar sintomas. Quando aparecem, são difusos e podem ser confundidos com outras doenças. Os principais são perda de pelo, emagrecimento e apatia. No homem, emagrecimento, apatia e aumento do abdomen – provocado pelas lesões no baço e no fígado.”, explica Castagna.

A Leishimaniose era controlada no Estado de SP até  1999, quando ocorreram surtos (casos caninos e humanos) no oeste de SP. Em Campinas, os primeiros casos reemergentes foram notificados em 2009 na região de Sousas, onde o foco foi bloqueado (não espalhou para outros bairros), mas ainda ocorre a transmissão local.  As amostras de insetos coletados no Parque das Flores foram examinadas pelo laboratório entomológico da zooneses local. Já as amostras de sangue dos cães foram para o Instituto Adolf Lutz e o resultado será entregue no final de dezembro. Cláudio Castagna acredita, com base nos resultados parciais, que não há novas contaminações.   

Localização e prevenção

O inseto vetor da Leishmaniose é o mosquito palha (também conhecido como birigui, cangalha, tatuquira) de porte muito pequeno capaz de atravessar a tela de mosquiteiros, e não tem nenhuma relação com o aedes, mosquito transmissor da dengue. Em toda a cidade de Campinas há pesquisas permanentes sobre sua presença, sendo encontrado somente no distrito de Sousas e na divisa com Indaiatuba (áreas rurais ou silvestres) próximo a matas.

Castagna comenta que em Campinas esse mosquito tem comportamento muito silvestre. “Até o momento não sobreviveu em perímetro urbano porque não tem mata suficiente, mas isso pode mudar”. Ele recomenda que os moradores das regiões com casos notificados evitem a instalação de galinheiros.

A vacina contra Leishmaniose é recente, foi aprovada pelo Ministério da Saúde em 2015. “Como toda vacina de protozoário, tem eficácia pequena, mas é importante na prevenção combinada com outras medidas, como a coleira repelente impregnada com deltametrina a 4% e o controle dos criadouros” orienta o serviço de Zoonoses. 

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